A força de nossa organização
Criada em 5 de maio de 2024, partindo da experiência de três anos de atuação do grupo que a precedeu, a União Nacional de Caixas do Banco do Brasil atua de forma propositiva, apresentando uma Pauta de Reivindicações própria do segmento que organiza aos fóruns do movimento sindical.
Tivemos em 2024 destacada participação em conferências e encontros estaduais, culminando na formação de uma expressiva delegação de caixas identificados com nosso movimento no 34º Congresso Nacional de Funcionários do BB (entre 4 e 6 de junho), a maioria dos quais sendo dirigentes sindicais ou representantes sindicais de base. Apresentamos nossa Pauta também aos dirigentes da CONTEC, durante seu 51º Encontro Nacional (19 a 21 e junho).
A partir de então, os caixas do BB pautaram a Campanha Salarial em diversos momentos.
Já no início, as negociações foram marcadas por uma decisão de impacto no âmbito da ação judicial sobre nossa gratificação, pela 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região.
Em 3 de julho de 2024 foi julgado o Acórdão da segunda instância de nosso processo (0000102-38.2021.5.10.0016), no qual foi revogada a tutela antecipada (liminar) que mantinha o pagamento da gratificação mensal a todos os caixas que estavam nomeados em janeiro de 2021.
Embora o Acórdão determinasse que o Banco deveria manter o pagamento da gratificação mensal aos funcionários abrangidos na ação, e que continuavam na função, a inexistência de uma liminar vigente abria caminho para que o Banco desgratificasse todos o caixas, lidando com eventuais consequências apenas após o trânsito em julgado.
Na maioria das rodadas de negociação entre entidades sindicais e BB, foram cobradas respostas à demanda de que os caixas não fossem prejudicados em função dessa decisão judicial.
Plenárias específicas sobre a função de caixa no BB foram convocadas por sindicatos e federações de vários estados e regiões. Manifestações e paralisações parciais foram organizadas tendo a defesa dos caixas e da função de caixa como um dos eixos principais, repercutindo inclusive em órgãos de imprensa locais. Tudo isso é reflexo também do nível de organização que alcançamos.
Para além das iniciativas dos sindicatos, fizemos nossas próprias mobilizações. Repercutimos imagens de caixas se manifestando dos diversos cantos do país, projetamos a hashtag #BBValorizeOsCaixas e ocupamos de forma organizada a seção de comentários da Agência de Notícias (AGN) do Banco do Brasil.
Avançou também a campanha pelo nosso Projeto de Lei de Iniciativa Popular "Na Boca do Caixa". Já durante a Campanha Salarial, várias entidades sindicais se juntaram oficialmente aos caixas do BB no esforço da coleta de assinaturas.
Polêmicas em torno da Campanha Salarial
Em 31 de agosto, a partir do momento em que foi apresentada a proposta de reajuste de 4,64% nos salários e verbas de todos os bancários, com orientação pela aprovação da mesma pela maioria das entidades sindicais, uma indignação tomou conta de parte expressiva dos funcionários do Banco do Brasil, o que se fez repercutir nas redes sociais. Para além da rejeição à proposta de reajuste, considerado baixo frente à lucratividade dos bancos, houve forte descontentamento também em relação ao que havia sido apresentado em relação ao Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) do BB.
Embora a aprovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) na quase totalidade das assembleias tenha definido em grande medida a batalha pelo índice do reajuste, a expressiva rejeição do ACT pelos funcionários do BB em grande parte das bases (embora não nas maiores) estendeu a Campanha Salarial por mais duas semanas.
Contraf e CONTEC orientaram sindicatos de bases cujas assembleias haviam aprovado o ACT a assinarem o mesmo já em 10 de setembro. Isso gerou pressão sobre as bases que haviam rejeitado o Acordo do BB inicialmente, a maioria delas passando a aceitá-lo o nas assembleias seguintes. Ainda assim, parte das bases (incluindo diversas capitais) manteve a rejeição e passou a organizar movimentos de greve.
Não tendo encontrado posição de consenso, o Conselho de 36 da UNACaiexBB tampouco interferiu na posição de seus membros quanto à aprovação ou rejeição do ACT nas assembleias. Buscamos até o último momento debater com as direções sindicais sobre partes da proposta que mais diretamente nos dizem respeito, pedindo esclarecimentos sobre pontos obscuros e indicando ajustes que considerávamos necessários.
Os diversos grupos regionais da UNACaiexBB debateram intensamente os pontos polêmicos da negociação. Parte expressiva de nossos membros (incluindo lideranças sindicais) desde o anúncio da proposta se engajou pela rejeição da mesma nas assembleias, bem como pela construção da greve em suas bases. Independentemente de divergências de avaliação quanto às possibilidades de avanço pela rejeição do ACT proposto, parabenizamos pela coragem e determinação os colegas que se mobilizaram pela greve nessas condições difíceis, parte dos quais passou pela situação aviltante de receber o crédito da PLR e ter o mesmo estornado horas depois.
Em crescente isolamento, encerrou-se o movimento de greve sem que tenha havido alterações nos termos negociados, à exceção da cláusula que visava regulamentar a demissão sem justa causa, tendo ficado esta de fora do ACT assinado.
Sobre o que foi acordado em específico quanto aos caixas do BB
Com base na extensa Pauta de Reivindicações que encaminhamos ao 34º CNFBB e ao 51° Encontro Nacional da CONTEC, considerando as dificuldades práticas de se abordar todos os pontos nas mesas de negociação, apontamos durante a Campanha Salarial Três Eixos de Reivindicações Prioritárias: I) manutenção dos guichês de caixa nas agências; II) manutenção da gratificação de caixa; III) priorização para os caixas em concorrências e nomeações.
Embora longe de contemplar todo o conjunto de nossas demandas, consideramos que o que foi anunciado como acordo entre BB e entidades sindicais atende parte das reivindicações dos eixos II e III listados acima. Ainda assim, houve problemas graves na forma e na implementação do que foi acordado.
Abordamos a seguir cada um dos itens negociados em relação à nossa função:
1. Incorporação da gratificação para caixas que possuíam 10 anos de função até novembro de 2017 e estavam nomeados antes da reestruturação de 2021 (introduzido no parágrafo 4 da Cláusula 12 do ACT assinado)
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Com a previsão no ACT, cerca de 2.000 caixas tiveram o direito à incorporação da função formalmente reconhecido, mesmo sem terem sido destituídos, ficando dispensados da necessidade de acionar a Justiça. Assim, podem manter a gratificação mesmo em caso de pedirem remoção. Falta ao Banco abranger uma quantidade maior de colegas, considerando períodos interrompidos e o exercício de funções/comissões anteriormente a 2007, evitando assim casos de judicialização.
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2. Criação do cargo de "assistente de tesouraria", com dotação nas PSVs |
Centenas de colegas nas PSVs foram contemplados com o cargo, cuja remuneração é a mesma do caixa, nomeando inclusive todos os escriturários que atuavam nessas unidades e que recebiam a gratificação de função apenas mediante acionamento. O mesmo tratamento deveria ser dispensado aos escriturários das PSOs, muitos dos quais atuam por anos seguidos como caixas substitutos e constantemente são demandados a executar tarefas especializadas, como resgates de depósitos judiciais. Deveriam ser nomeados no mínimo como assistentes operacionais plenos, com a possibilidade de receber a gratificação quando atuarem como caixas, garantindo que nenhum funcionário de PSO fique sem alguma comissão/gratificação (conforme nossa Pauta de Reivindicações).
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3. Criação de vagas em nova função "transversal" de "assistente
de atendimento e negócios", com priorização nas
concorrências para os caixas nomeados
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A priorização em concorrências faz parte de nossa Pauta de Reivindicações e é uma forma de promover a transição de carreira para os colegas, paralelamente à redução da demanda por atendimento em guichês. Centenas de caixas foram
contemplados com a nomeação em cargos comissionados mediante priorização
nas concorrências. A priorização se deu não apenas para os novos cargos
de "assistente de atendimento e negócios", mas também para outros
cargos GFM 19 e 20. Em 17/1 o BB divulgou que 1.223 caixas seriam desgratificados a partir de 1º de fevereiro. Em 31/1, em reunião com a Contraf, o BB informou que, destes, cerca de 900 ainda não haviam sido nomeados em outras funções. Em 6/2, em reunião com a CONTEC, o BB informou que este número reduziu-se para cerca de 700. Segundo informações repassadas a nós por membro da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, em 11/4, o número de caixas desgratificados e não nomeados em outras funções teria sido reduzido para 380. Continuamos com centenas de colegas prejudicados pela perda da gratificação, principalmente pela inexistência de vagas comissionadas com priorização para caixas em suas praças, contrariando as expectativas que foram criadas pelo movimento sindical e pelo Banco no desfecho das negociações. Destaque-se que, entre os itens negociados em relação aos caixas, apenas a incorporação entrou formalmente no ACT. As comunicações referentes ao acordo em torno dos demais itens foram feitas em notícias publicadas em mídias sindicais e corporativas. Um dos problemas deste processo é que os termos anunciados pelos sindicatos como acordados não coincidiram exatamente com os que foram divulgados pelo BB. Enquanto as mídias sindicais mencionavam a criação de 4 mil vagas para o novo cargo de assistente, o BB não se comprometeu publicamente quanto a números - a não ser semanas depois, em 23/9, ao publicar na AGN que as vagas seriam suficientes para "atender todos os que não estarão mais contemplados com a gratificação". Enquanto as mídias sindicais afirmavam que o salário do novo cargo de assistente seria maior que o do caixa, o BB se limitou a anunciar que seria maior que a soma do salário de ingresso do escriturário à gratificação de caixa - o que, na prática, poderia significar redução salarial para a maioria dos que atuam na função. No final das contas, o salário do novo cargo de "assistente de atendimento e negócios" é exatamente igual ao salário do caixa. Enquanto a Contraf afirmava que os caixas teriam vagas do novo cargo de assistente na mesma microrregião em que atuam (aos 40 minutos do vídeo) e o Sindicato de São Paulo divulgava que seriam na mesma praça, o Banco jamais se comprometeu quanto à localidade, exceto de maneira pouco assertiva, em declaração de Tarciana Medeiros, dada apenas em 9 de outubro. Tarciana sugeriu naquela ocasião, em encontro com funcionários, que as vagas seriam criadas especialmente onde os caixas perderiam a perspectiva de continuar atuando na função por todo o mês. Essa incongruência de informações demonstra que a negociação foi encerrada com "pontas soltas". O BB acabou descumprindo o que foi negociado. Quando anunciou em 17/1/25 que 1.223 caixas seriam desgratificados, havia apenas cerca de 600 vagas de assistente de atendimento e negócios disponíveis no país. Não se tratavam de novas vagas, criadas para a concorrência de caixas, mas das vagas de assistente de negócios que já estavam abertas antes. Além disso, a "priorização" que havia sido anunciada inicialmente não impedia que os gestores nomeassem funcionários de outras funções, ao invés de caixas. Apenas após forte pressão, dos caixas e do movimento sindical, o BB decidiu criar 1.000 novas vagas de assistente, anunciadas em 27/1/25, passando a exigir dos gestores uma priorização de fato. Ainda assim, a localização das vagas não atendia à maior parte dos caixas desgratificados, não nas mesmas praças em que atuavam e nem mesmo em praças vizinhas. Além de disponibilizar vagas em quantidade muito inferior ao que havia sido anunciado e de não garantir as vagas nas localidades em que haveria a desgratificação, o Banco utilizou-se da negociação coletiva para tentar resolver seu problema de alocação de funcionários entre as praças, pressionando os caixas a aceitarem oportunidades em outros municípios. Parte da não correspondência entre expectativa e realidade pode ser decorrente do fato de que o próprio Banco foi surpreendido com o julgamento dos embargos de declaração de nossa ação judicial, pela 3ª Turma do TRT10, em 4/9/24, 4 dias após o encerramento das negociações. O plano do Banco quando anunciou a criação das vagas do novo cargo de assistente era desgratificar todos os caixas em janeiro de 2025. Mas uma nova liminar foi deferida, determinando que o Banco mantivesse o pagamento da gratificação mensal aos caixas nomeados que continuassem atuando na função, sob pena de multa em caso de descumprimento. Essa mudança no processo pode ter sido determinante para o Banco alterar seus planos em relação ao destino dos caixas e à disponibilização de novas vagas para outros cargos. Uma outra explicação para o processo do descumprimento do Acordo seria a gestão sem comprometimento com o caráter público do Banco do Brasil por parte da Diretoria de Varejo, conforme denunciou a FETEC/CN. Há ainda outros aspectos problemáticos da política de priorização para caixas em concorrências:
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4. Garantia de continuidade do pagamento da gratificação mensal, até dezembro de 2024, aos caixas nomeados |
Não fosse a garantia de manter a gratificação a todos os caixas contemplados pela ação judicial até dezembro de 2024, prazo que acabou estendido para janeiro de 2025, muitos colegas teriam sido desgratificados vários meses antes, incluindo aqueles que pediram remoção em 2021, antes da vigência da primeira liminar, que já não atuavam como caixas há muito tempo. No entanto, para a maioria dos caixas, a "garantia" de receber a gratificação até o final de 2024 equivalia à ameaça de perdê-la a partir de janeiro - neste sentido, até recebemos de bom grado a informação de que o prazo até dezembro não constava formalmente no ACT assinado. De todo modo, cresceu a sensação de insegurança. Em primeiro lugar, por não recebermos notícias antes de janeiro de 2025 sobre quem teria direito à incorporação e sobre a criação das vagas do novo cargo de assistente. Em segundo lugar, pelo fato de o Banco não reconhecer em suas comunicações internas os efeitos da nova liminar deferida no julgamento dos embargos de declaração em 4/9/24, mesmo quando provocado a respeito (em comentários na AGN, Fale Com a Gepes, reuniões via Teams, etc.). O próprio movimento sindical, com raras exceções, demorou meses para publicar em seus canais entendimentos próprios sobre a nova liminar (conforme publicações da Contraf em 8/11/24 e da CONTEC em 20/1/25). A UNACaiexBB, dentro de seus limites, teve que assumir o protagonismo de difundir a informação de que os caixas estavam cobertos por uma nova liminar, menos protetiva que a primeira, mas que impedia o Banco de destituir a todos da função. Publicamos um vídeo em 14/10 com este e outros esclarecimentos. Foram meses de muito estresse e adoecimento para os caixas. |
Censura, demissão e a necessidade de repensarmos nossos métodos
Ao fim da campanha salarial, uma onda de censura se seguiu nos espaços de opinião do ambiente corporativo do BB, com apagamento em massa de comentários na AGN e de tópicos no Fórum BB, que foi interditado junto com as comunidades do “Viva Engaje”. Ligações telefônicas foram feitas pela direção da instituição a parte dos colegas que teceram críticas. E-mails foram enviados pela Gestão de Pessoas a muitos, em alguns casos já com instauração de processos disciplinares. O ápice desse processo foi a demissão de um colega, membro ativo da UNACaiexBB, ao qual apoiamos em campanha de solidariedade, denunciando esse conjunto de medidas.
Some-se a isso a publicação do comunicado interno sob o título "AGN: um espaço de diálogo e de respeito", em 19/2/25. Nele, o Banco declara abertamente que não permitirá o uso de mensagens em massa ("correntes") com hashtags - uma forma de manifestação que utilizamos bastante nesse período.
Outra maneira de coibir mobilizações virtuais que tem sido usada é o bloqueio a contas que tecem críticas pelos perfis das redes sociais ligados ao Banco e seus dirigentes.
Métodos que cumpriram um papel importante em nossas mobilizações virtuais podem não ser mais efetivos, exigindo de nós pensarmos em outros.
Reação ao descumprimento do Acordo
Como descrevemos anteriormente, o Banco anunciou em janeiro a desgratificação de 1.223 caixas; disponibilizando apenas 600 vagas de "assistente de atendimento e negócios", em geral distantes dos locais em que ocorreriam as desgratificações; apresentando um processo de "priorização" que na prática permitia aos gestores nomearem qualquer funcionário que constasse entre os classificados, desobrigando-os a nomearem caixas. Além disso, muitos colegas que teriam direito à incorporação da gratificação ao salário não foram contemplados nos critérios adotados pelo Banco.
Os caixas revoltaram-se diante de tudo isso e o movimento sindical realizou um Dia Nacional de Luta em 16 de janeiro, exigindo o cumprimento da Negociação Coletiva.
A Coordenadora da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB concedeu entrevista à TVT sobre o descumprimento do Acordo e a situação dos caixas.
A UNACaiexBB também engajou-se na mobilização, convocando colegas das bases para os atos públicos e paralisações, repercutindo conteúdos das entidades sindicais e produzindo materiais próprios para as redes.
O Banco sentiu a pressão, convocando reunião com as entidades sindicais para o dia 22/1, na qual foi demandada a manutenção da gratificação a todos os caixas até que se desse uma solução definitiva, além da reavaliação dos critérios para a concessão da incorporação de função.
A essa altura, destacada foi a paralisação com repercussão na imprensa realizada pelo Sindicato dos Bancários do Piauí em 23/1, que arrancou uma resposta do BB ao G1.
Depois de negar que estivesse descumprindo o Acordo e de acusar os caixas e o movimento sindical de estarem difundindo informações falsas, em 27/1 o BB voltou a se reunir com as entidades, trazendo uma devolutiva em relação às demandas. O Banco criou 1.000 novas vagas de "assistente de atendimento e negócios" e ampliou em mais 263 a quantidade de colegas que tiveram garantido o direito à incorporação. Embora não tenha reconhecido o descumprimento do Acordo em seu discurso, a revisão destas medidas pelo BB é na prática uma confissão.
Mas o Acordo continua até hoje não sendo cumprido.
Na referida reunião, diante da informação de que cerca de 900 caixas a serem desgratificados não tinham se realocado, a Comissão de Empresa dos Funcionários entregou um ofício ao BB, demandando que fosse mantido o pagamento da gratificação mensal a todos, até que fossem nomeados em outras funções.
As desgratificações dos 900 ocorreram em 1º de fevereiro e (até onde sabemos) este ofício jamais foi respondido. Embora haja informações de que a quantidade de caixas desgratificados e não realocados reduziu-se para 380, ainda são centenas de colegas desamparados, situação que nos termos do Acordo não deveria existir.
Vários sindicatos continuaram realizando protestos e paralisações entre janeiro e fevereiro.
O Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte encheu as agências da cidade de cartazes, realizou "live", além de diversas publicações em vídeos, imagens e textos, destacando o assunto do descumprimento do Acordo.
Os sindicatos que compõem a Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe buscaram elevar a pressão, abordando as superintendências regionais e até mesmo a Presidência da República.
O Sindicato dos Bancários de Ipatinga MG e a UNACaiexBB produziram vídeos ironizando a campanha publicitária do BB (#agenteseimporta), citando nomes reais de caixas desgratificados.
Entre 16 de janeiro e 15 de fevereiro, período em que abordou intensamente o tema do descumprimento do Acordo, a UNACaiexBB teve mais de 120 mil visualizações em sua conta no Instagram.
O movimento de contestação ao descumprimento do Acordo foi importante, obteve um recuo relativo do Banco, mas enfrenta um limite. Deixou de ter um caráter unificado, resumindo-se a ações dispersas das entidades sindicais em torno de demandas específicas que os caixas de suas bases apresentam, como o acompanhamento de processos de seleção para as vagas, a judicialização como meio de obter a incorporação, etc.
Essa tendência agrava-se por essas centenas de caixas desgratificados estarem na maior parte dos casos espalhados pelo interior do país, saindo do foco dos maiores sindicatos, que são mais demandados pelos bancários dos grandes centros urbanos.
Estamos de pé e a luta dos caixas continua!
Não podemos nos conformar quanto à desgratificação de centenas de nós, sem que o acordo quanto à realocação em outras funções esteja sendo devidamente cumprido. Mas devemos destacar que são quatro anos em que o Banco não consegue obter uma vitória definitiva contra os caixas.
Em função da ação judicial movida pela Contraf, que foi juntada à ação da CONTEC (0000102-38.2021.5.10.0016), 3.409 colegas puderam continuar como caixas nomeados, apesar da persistência do Banco em tentar extinguir a função.
A primeira liminar, obtida em 2021, foi derrubada no julgamento do Acórdão em 3/7/24. Mas uma nova liminar foi deferida a pedido da Contraf, no julgamento dos embargos de declaração, estando vigente desde 4/9/24. Não é tão protetiva quanto a primeira, que mantinha o pagamento da gratificação mensal a todos os caixas que estavam nomeados em 2021 (mesmo aos que haviam pedido remoção durante aquela reestruturação). A nova liminar estabelece que o caixa nomeado não possa ser pago apenas pelo acionamento diário, sob pena de multa em caso de descumprimento, mas não o protege de uma desgratificação decorrente do encerramento ou redução do quadro de seu prefixo.
Não obstante, o Banco está descumprindo a liminar em relação a uma parte dos caixas que foram desgratificados. Em vários casos relatados a nós, eles continuam atuando no caixa, não mais como nomeados, mas como "substitutos".
A liminar é clara sobre o impedimento a que o BB aplique "o novo modelo de atuação, designação e remuneração".
No entanto, o Banco retirou a designação/nomeação de muitos caixas e criou para eles um "terceiro" modelo de remuneração: caso atuem pelo menos um dia no mês como caixas, recebem a gratificação mensal integralmente. Não abrindo caixa por nenhum dia no mês, não recebem a gratificação.
A nosso ver, pode-se requerer judicialmente o reestabelecimento da nomeação desses colegas, já que foram destituídos da função com o Banco ainda necessitando da atuação dos mesmos no caixa. Por outro lado, os próprios colegas temem que a busca do direito resulte em não serem mais acionados no caixa, perdendo qualquer possibilidade de recebimento da gratificação. O ideal seria que alguma medida fosse tomada de forma coletiva, no âmbito do processo, ao invés de cada colega entrar com alguma ação individual de execução.
Somos muito mais do que os caixas nomeados
Nosso movimento conta também com a força de milhares de caixas "não nomeados", que atuam na função em substituição - muitas das vezes por longos anos - e que demandam reconhecimento, direitos e oportunidades de encarreiramento. Esses colegas foram excluídos do "Programa de Desenvolvimento e Orientação Profissional" e não têm prioridade nas concorrências para outros cargos. A UNACaiexBB continuará lutando pelo direito de todos os caixas, nomeados ou não.
Continuamos considerando como caixas todos aqueles que foram nomeados para a função de "assistente de tesouraria" e atuam no setor de Valores, bem como os "assistentes de atendimento e negócios" que forem demandados a atuar nos guichês e tesourarias das agências.
A UNACaiexBB ampliará seu movimento, unindo escriturários, caixas e assistentes na luta em defesa dos caixas e da continuidade do atendimento em guichês nas agências.
Ameaças
Há incertezas
frente à ação judicial, que hoje tramita no TST. Até o trânsito em julgado, prevalece o efeito da liminar
deferida na fase dos embargos pelo TRT10. Esperamos que o TST confirme o entendimento bem consolidado na primeira e na segunda instância, de que o Banco está incorrendo em ilegalidade ao retirar a nomeação dos caixas ainda necessitando que os mesmos exerçam a função, sendo isto uma alteração unilateral do nosso contrato de trabalho. Do contrário, havendo revés na decisão do TST, todos os caixas serão
desgratificados.
Para além da possibilidade de revés judicial, os caixas têm de enfrentar novas reestruturações.
Iniciado em 2024 no Espírito Santo e já em fase de testes em locais como São Luís (MA), a expansão do Projeto Inova Varejo indica que os caixas (bem como os gerentes de módulo e de serviços) serão afetados pela extinção de guichês e tesourarias em parte das agências. A principal medida que nos atinge é a centralização do atendimento de caixa, que retira o atendimento em guichês de determinadas agências, direcionando os clientes que demandam o atendimento para outras, com base principalmente na proximidade entre elas (o parâmetro seria um raio de 2,5 km).
A centralização do atendimento em guichês prejudica não apenas caixas e gerentes de módulo e serviços, ameaçados de perderem suas funções, mas também clientes e usuários, que para continuarem sendo atendidos em guichês de caixa terão de se deslocar para agências distantes de suas residências e nas quais o acesso pode ser dificultado, pela falta de vagas de estacionamento, pelo fluxo elevado de veículos e pedestres nas ruas e calçadas, etc. Lembremos que o perfil de parte expressiva dos clientes que demandam o atendimento em guichês é de pessoas com mobilidade reduzida, principalmente idosos.
É preciso acionar as entidades sindicais e mobilizar bancários, clientes e o poder público em cada local, em torno da defesa também do direito do consumidor ao atendimento em canais físicos, enquanto houver demanda, para que agências sejam mantidas em funcionamento e para que os guichês sejam mantidos nas agências.
Oportunidades
Frente à agressividade do fechamento de agências pelos bancos privados, diversos relatos chegam dos interiores do país sobre a grande procura de beneficiários do INSS pelo Banco do Brasil como opção para receberem suas aposentadorias e pensões. A resiliência do BB em manter agências abertas, ao lado da manutenção da função de caixa por força de decisão judicial, demonstra uma situação particular, mas também a oportunidade de o BB se reafirmar como a instituição pública, garantindo o atendimento a essa parcela da população.
Devemos reforçar esse entendimento junto às entidades e mandatos representativos do funcionalismo (sindicatos, ANABB, Caref, etc.), construindo um amplo movimento em defesa do atendimento humanizado.
Nesse sentido, é importante reorganizarmos a campanha de coleta de assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular "Na Boca do Caixa", mobilizando os caixas do BB e obtendo a adesão das entidades.
Fóruns do Movimento Sindical e Mesas de Negociação Permanentes com o BB
Devemos participar dos Encontros Estaduais de Funcionários do BB organizados pelos sindicatos e federações, bem como do 35º Congresso Nacional de Funcionários do BB, a ocorrerem este ano, reforçando a demanda para que nenhum caixa desgratificado fique sem oportunidade de nomeação em outra função, permanecendo em suas praças, além da defesa de que nossa Pauta como um todo seja debatida em Mesa Permanente de Negociação com o BB, conforme estabelecido no ACT, tanto pela Contraf (Cláusula 60ª) quanto pela CONTEC (Cláusula 63ª). Os caixas devem acompanhar as mesas de negociação permanentes e procurar influir de maneira organizada sobre elas.